Bruno Covas usa dados não comprovados sobre equipes de varrição no centro de São Paulo

“ […] a gente tem mais equipes fazendo isso do que tinha ano passado.”

Por Giovanna Preto e Luana Melo

O prefeito Bruno Covas afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva da emissora TV Cultura no dia 27 de janeiro, que a cidade tem mais equipes recolhendo o lixo na região do Centro de São Paulo do que tinha no ano passado, em 2019. Durante a conversa, Eduardo Scolese da Folha de S.Paulo questionou sobre os problemas na região do Centro, conhecida como cartão-postal da cidade. Após a afirmativa de diversos investimentos e reformas na região, Covas citou a situação do lixo no Centro. A fala do prefeito acerca do tema foi apurada e recebeu a etiqueta Sem Fundamento.

A frase proferida pelo prefeito refere-se a um aumento no número de equipes contratadas para a varrição urbana e outros serviços de zeladoria na região administrada pela Subprefeitura da Sé. O serviço era contratado emergencialmente com a empresa Inova Gestão de Serviços Urbanos entre dezembro de 2018 a maio de 2019. A partir de junho do mesmo ano, a operação ficou sob responsabilidade da Sustentare Saneamento, a partir de uma nova licitação.

Sem dados conclusivos no site da prefeitura sobre esse aumento, foi necessária a apuração a partir da Lei de Acesso à Informação. Em contato com a AMLURB através da Lei de Acesso à Informação, o órgão informou que não é possível estipular o quantitativo de equipes visto que “são contratos que possuem preço global, onde os quantitativos das equipes não são estipulados, mas sim a quilometragem a ser varrida”. Assim, caberia à empresa Sustentare a determinação do número de funcionários a atender a quilometragem prevista no contrato e, portanto, a prefeitura não teria os dados que o prefeito afirma no programa.

No entanto, segundo a Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), em um levantamento dos serviços realizados do contrato anterior para o contrato atual houve um acréscimo no número de agentes de limpeza atuantes nessa região, de 543 para 1450 funcionários. A justificativa dada pela Secretaria sobre o aumento é a divisão do serviço de varrição entre seis áreas, chamadas de lotes, e que tem a Sustentare como responsável do lote 2, nas Subprefeituras da Sé e Mooca.

Ainda de acordo com a Secom, o aumento de equipes teria sido efetivado em serviços de coleta de resíduos sólidos e entulhos, entre outros serviços de zeladoria. Porém, esses dados não se encontram disponíveis no site da prefeitura e nem mesmo nos contratos com a Sustentare. Dada a inconsistência das afirmações obtidas, foi realizado um segundo contato com a AMLURB, através da Lei de Acesso a Informação, em prol da obtenção de um documento oficial que constasse esse levantamento citado pela Secom. Entretanto, o órgão apenas reafirmou as informações enviadas previamente.

As afirmações da prefeitura entram diversas vezes em contradição, uma vez que os órgãos consultados não entram em acordo sobre as informações prestadas. Logo, a apuração indica que pela falta de dados concretos que comprovem o aumento de equipes, a fala do prefeito Bruno Covas torna-se sem fundamento.

A equipe do São Paulo Sem Migué tentou entrar em contato com a Secom da Prefeitura da Cidade de São Paulo para coletar o posicionamento municipal a respeito dos dados obtidos, no entanto, até a publicação desta checagem, não obteve retorno.

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